O ÓDIO



Você odeia alguém? Não digo ter raiva ou mágoa... Refiro-me a um sentimento de prazer na vingança, na punição, alimentado dia-após-dia, que te faz planejar com ajuda do tempo, da frieza e da criatividade. Só perde o tempo que seja uma pausa em relação ao intento do ódio.


Francis Hime e Chico Buarque, em uma de suas músicas, de passagem, esbarraram no que seja o ódio: “...E me vingar a qualquer preço/Te adorando pelo avesso...”. Sentimento este, que é o inverso do amor. Uma capacidade tão excitante quanto o amor. Tudo se maquina, se espera, tudo suporta...


O ódio se torna o prazer da vida - a locomotiva -, por isso qualquer preço pode ser pago, como no amor, afinal, que é o ser humano a não ser um ser que busca, a qualquer preço, a sua satisfação ou a realização do seu prazer? Amar ou odiar é um prato cheio para nós. Quem sabe o que é amar, intui o que é odiar e vice-e-versa.

O ódio faz o bem (ao que odeia) que se espera. É um troféu, uma consumação implacável de seus desejos mais íntimos. É o onanismo do afeto negativo, aflorando nos poros, o ardor que poucos se agradam e isto se torna a diferença das polaridades dos sentimentos (amor e ódio): no ódio, se manifesta o jeito de perder-se em si mesmo – contra a vida; no amor, se manifesta o jeito de perder-se fora de si – em favor da vida.

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