O nome de Jesus não é Jesus

Photography by Sebastião Salgado

[Já não há letras que decupam a vida,
encarcerando as peculiaridades e depreciando a liberdade.
Já não há Deus no céu que não nasça por trás de cada nome,
de cada semblante, de cada relva viva.]

Alguns religiosos não reconhecem que fazem parte de uma religião imperiosa e que, muito menos, a sua religião sustenta um Deus, uma Escritura divina e a única verdade. Alguns religiosos tentam decifrar o nome do “Deus do velho testamento” e o verdadeiro nome do messias, assegurando-se de que só se pode adorar a Deus, quando descobrirem o seu verdadeiro nome. Toda religião ergue um Deus e se mostra como via única para se chegar nele, ou, as mais “piedosas”, se colocam como uma via aonde Deus a utilizará para chegar até o Homem.

A vocação de ser o representante de Deus na Terra será irresistível enquanto não crucificarem com Cristo, o Cristo ideológico. É necessário que a mensagem do evangelho, do Deus que se encarnou num homem, se encarne na humanidade. Já não há um Jesus Cristo. Há um José, Maria, Moisés, Sergio, Cristina e etecéteras. Devemos ser devotos do próximo e acender o incenso do amor, da justiça e da paz. O Jesus que existe entre nós é aquele que co-habita em nosso núcleo social.

Ele nasceu, cresceu, morreu e se repartiu na humanidade, bem como, em toda a sua criação. Faria bem para muita gente banir o nome Jesus para, talvez, encontrá-lo no próximo, deste modo, não haveria chance de se ser um servo de Deus sem ser um servo do próximo. Religião boa é aquela que desiste da idéia de ligar o Homem com Deus que não seja pela via do ligar homens e mulheres com homens e mulheres.

Se isso acontecesse, não existiria diferença religiosa e nem assassinato da inteligência, da liberdade e da verdade. O sacrifício de Jesus reconciliou o Homem com Deus e isso é louvado a partir do elo harmônico entre a criação e não através duma relação que estabelece um vínculo monótono e frívolo entre Deus-apache e o Homem-ególatra. Assim, Suas Fagulhas de vida eterna vão irrompendo em lugares que exista compaixão e generosidade, numa intimista relação onde se perscruta aquilo que é dádiva dEle de forma que não se discute, apenas se reconhece.
Adular Deus em detrimento da própria realidade do ser é um tipo de esquizofrenia legalizada e bem quista que segrega o indivíduo de seu mundo. O filho do Homem está incubado na humanidade e quem se livrar da insensibilidade religiosa e das crostas do egoísmo vai encontrá-lo. Já não há letras que decupam a vida, encarcerando as peculiaridades e depreciando a liberdade. Já não há Deus no céu que não nasça por trás de cada nome, de cada semblante, de cada relva viva. Aceite este Jesus como “seu único e suficiente salvador”.

9 comentários:

Laion Monteiro disse...

Espetacular.

Um abraço,

Laion

Will disse...

Ei, mano, não resisti à alegria de ler a esse texto e copiei no Celebrai. Sensacional. Obrigado por nos brindar com isso.

abs.

Moisés Lourenço Gomes disse...

Laion, Will,
Obrigado!

E sigamos reconhecendo Ele em todos nós.

Abraços

Marco Antonio disse...

incrivel cara, incrivel!

Moisés Lourenço Gomes disse...

Obrigadão Marco

Andrea Mattos disse...

Nada como a verdade... além de libertadora nos anela ao Pai.
Valeu pela mensagem, muito boa.

Moisés Lourenço Gomes disse...

Obrigado, Andrea Mattos

ROSANADESAROM disse...

Texto vigoroso! Gostei.
Shalom Adonai!

Professor Wesley disse...

parabens pelos belos textos estou coloando alguns no meu blog, espero que tenha oportunidade de dialogamos sobre alguns assuntos