O que nos leva a idolatrar pessoas?


Eu, quebrando tudo

Idolatramos pessoas porque as consideramos melhores e é mais confortável nomearmos como ídolos para garantir a nossa felicidade; opinião e respostas para as questões cruciais da vida. Idolatramos porque custa caro anarquizar a consciência, estabelecer elos apenas por afinidades e assumir os ônus da opinião própria.

Idolatramos porque é mais seguro abrigar-se debaixo das asas do mais forte sem ter de andar com as próprias pernas, sem ter de analisar o verificável. Idolatramos porque a vida fica mais fácil com tudo que é sintético, placebo. Incorporamos tudo aquilo que nos facilite e que em facilitando, nos poupe e nos poupando, nos faça feliz.

Idolatramos para que aquilo que é iconizado esteja incumbido de atenuar os nossos problemas, nossas fraquezas e nossas ignorâncias. Idolatramos porque fazemos do nosso ídolo, uma auto-referência curricular que nos fará ser mais bem vistos. Idolatramos por fuga, conveniência, oportunismo.

Quando alguém elege uma mera ou importante referência como hiperlink do próprio pensamento, vira cancro mental, engessa a criatividade, ofusca o senso crítico e extingue a coerência e bom senso. Pode reparar. O tal eleitor passa a ter medo de que o seu eleito seja fragilizado. Afinal, isso acabaria com a reputação de verminose do dependente intelectual.

Muita coisa tem fundo de verdade, mas, pelo amor de Deus, não se engane, o fundo pode ser falso. Pode ser uma parede fina que irá te levar a viver uma vida sob cabresto ou engano. Vais julgar sempre de modo errado. Fins não justificam meios. É melhor buscar a verdade em sua integralidade, apalpando as experiências, as aprendizagens, as moderações, as resiliências e a humildade e a meta-nóia.

E lembre-se: se a Verdade é uma Pessoa, ela é experienciada de modo pessoal, sem restrições e sem muito blá, blá, blá. É no solo do coração e mente que as mentiras do adulador se esfarelam perante a Verdade que, por sua vez, dá valor ao que é real em nós. Já pensou Ele nos despir e encontrar um bando de ratos fétidos co-dependente da adulação e miséria alheia?

Agora deixe de ser um reles boçal. Já passou da hora de anarquizar a consciência. Discuta, questione, fique com uma pulga atrás da orelha e, no máximo, se afine com alguém ou algo bom.

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