A re-invenção do superficialidade



The Great Dictator

“O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! 
Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo.”
O discurso final do filme de Charles Chaplin "O Grande
Ditador" (1940).


Estamos trocando a velha couraça cartesiana por uma mais light. Os percevejos que outrora fixavam os velhos pergaminhos milenares, vão dando lugar aos novos e modernos conceitos.  "Estou feliz" porque o Homem está próximo de proclamar a liberdade rasa, está à beira do caminho, em sua reta final. Uma nova era foi desbravada e o Homem começa a andar. As relvas verdes vão dando suas caras de modo natural, sem nódoas. É chegada o dia da salvação. 

Salvos não de si. Também não se trata de metafísica espiritual. Fomos salvos do nada para o nada e isso é apenas uma constatação da evolução do pensamento. Não brindo a nova escola, os novos conceitos, comemoro, raquiticamente, a evolução criativa e sensorial, a abrangência, a elasticidade – a capacidade de gritar “i have a dream”, “i am here” mesmo quando isso não quer dizer muita coisa. Brindo a libertação da essência mesmo nos viés lights de pensamento, afinal, o Homem vive numa constante re-invenção do raciocínio a fim de dar sentido mais humano possível a sua humanidade. É o único trajeto.

O Homem cresce apenas com a desconstrução. Isso mesmo. Ele constrói e depois vê que aquilo precisa ser desconstruído. Assim ele avança. Quem se apega aos seus ideais, aos seus pensamentos, é tolo. Todo labor de teorização serve apenas de degrau para a próxima geração de pensamento que talvez use o nosso entendimento vigente para tirar proveito parcial.A evolu ção do senso crítico não é bela como um fim em si mesmo. Ela, em si mesma, apenas serve para desatar velhos e caducos, reles e improfícuos pensamentos.

A beleza desta evolução está em apenas apontar para aquilo que realmente é perene: a essência do Homem, o seu EU. O Homem chega perto do que é essencial, mas não o possui, não deixa ser tomado por ele, porque lhe é impregnado a proclamar a independência do pensamento pela força ideológica, pela nova visão. Ele não aprende a morrer para se igualar ao próximo, ele se sociabiliza para satisfazer a sua consciência moral. É um passo ao invés de ser o passo.

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