Quem são os excluídos?

Deus não precisa de nós para nada
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nua do excluído, pelo cotidianista 
Diego Venâncio.

“Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a criatura tinha corrompido o seu caminho sobre a terra.”

Nós corrompemos o ecossistema por conta do nosso modo de vida. Com efeito, fundamos um sistema degradante baseado na corrupção. Toda e qualquer espécie de natureza existente se sujeitou ao seu predador. E todo homem, fez de seu ‘jardim’, matéria prima.

Hoje, somos seres que para nossa satisfação pessoal, familiar e comunitária, é preciso dar start na engrenagem que nos faz sujeitar e predar a nós mesmos e ao nosso meio ambiente. Como se não bastasse essa cadeia degradante de sujeição e predação, ainda geramos os chamados ‘excluídos’.

Os excluídos são os dejetos da sociedade que se faz máquina para produzir a sua auto-existência, que, diga-se de passagem, é uma existência como subproduto da perversão da vida doada por Deus. E neste mundo de exclusão existem dois tipos de seres: aqueles que são triturados integralmente e que por conseqüência são deixados as margens do conluio social e aqueles que apesar de serem vistos como não excluídos, carregam dentro de si toda frustração e fardo de uma vida irrealizável escrava da dor, do pessimismo e da solidão.

“O Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los”.

A salvação da humanidade não é tirá-lo de um lugar e colocá-lo num outro. A salvação é a manutenção da vida dos homens a fim de que eles estejam onde Ele estiver - conforme São João 14:3. Até mesmo porque vivemos, movemos e existimos nele. E nesta manutenção, somos os protagonistas deste reencontro da humanidade com sua perfeita identidade original e isso não tem nada a ver com aquilo que alguns afirmam: “Deus precisa de nós”.

Deus não precisa de nós. Para nada, ele precisa.

Nós somos predispostos (e não dispostos) a Deus por causa da nossa carência, deficiência humana e inexistência de outra opção, logo, ninguém se dispõe porque “ele precisa de nós a fim de que haja uma parceria”. Não existe uma parceria de interesses recíprocos, existe uma parceria gritante por socorro de nossa parte! Não há escolha... Aquele que acha que escolhe andar por outro caminho, na verdade, não anda, desanda, perece, sucumbe, inexiste, expurga.

Não somos parceiros porque queremos, somos parceiros porque precisamos.

E nesta parceria vital, estoura o amor e a vida em abundância que faz homens e mulheres adorarem em espírito, em verdade. E esses, não reivindicam mais nada e não pedem ‘participação de lucros’ pela parceria humano-divina.

A vida se submeteu a escravidão da existência, tirando o fôlego da inclusão natural, da beleza profusa, da paz de espírito, mas Deus nunca deixou nada se desconfigurar, mesmo em meio ao abismo que se formou em nossa linearidade histórica. Não é a toa que tudo que há, não passam de poeiras dessa estrela da manhã que se ajuntam e se espalham num sopro.

Um dia, todos nós seremos transformados ante este sistema que tritura alma e nunca mais haveremos de derramar lágrima e dejetar gente. O excluído terá de volta a sua dignidade na recomposição do equilíbrio entre o Criador e a criação de maneira integral e sendo integral, o engate relacional se perfila em nossa realidade, em nossa história.

Os reconciliados são os quem abrem portas para todos, inclusive para os excluídos.

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