O ególatra


Memórias em fagulhas do ansioso


Fala-se muito em nosso tempo, a respeito de como o ser humano precisa buscar o despimento da frenética busca da auto-felicidade. Obviamente a idéia é valorizamos e correlacionarmos com tudo que seja fundamental, basilar, inclusive o momento de compartilhar tristezas, enxugar as lágrimas e erguer os joelhos vacilantes. No fim das contas, para muitos, isso é o que mais interessa numa unidade social.
“Valorizo o que é essencial pra vida, admito que coisa ruim aconteça também com gente boa, e me certifico de que terei um ombro amigo para me ajudar a caminhar.”A teoria...faz sentido. É bem provável que seríamos homens e mulheres bem amparados, mais consistentes e menos egocêntricos. Não precisamos imaginar um contexto diferente do nosso para que nos deparemos com a farsa que é essa pregação na práxis.

O pai-ego recebe em seus braços a gueixa-desejo. Numa lasciva cópula ardente, o pai-ego se entrega a luxúria inebriante dos cheiros, do frisson e do calor daquela que sempre foi seu escopo de pulsão. Os dois se tornam um: o pai-ego e a gueixa-desejo, que agora passa ser chamada de mãe-vida; o pai-ego faz de sua personificação de ambição, a sua esposa, a sua vida. Dela, nasce as filhas ‘compulsão e ansiedade’ e que costumeiramente, recebe o nome de João, Maria, Moisés e etc.

A ansiedade não é um mal em si. Ansiedade é o sintoma do mal causado pelo adultério da quietude, do contentamento, esperança e da superação.

“Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?”  - Mateus 6:27
 
E quem de nós desistirá de acrescentar?

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