Você tem um rei na barriga?

Você conhece alguém que por onde passa deixa um legado, porém nos bastidores dos relacionamentos, é intragável?
Você com certeza deve conhecer um pessoa que ‘salva o mundo’, que esparge revoluções, boas ações, ideologia ou que provoca inquietações que causam uma verdadeira metanóia coletiva quando fala, escreve ou lidera, porém, quando se olha bem, fora dos holofotes, sobra apenas, vaidade que faz com que ‘o tal’ se sinta o melhor, o todo poderoso, o portador da verdade e o ser supremo que faz triagem de quem presta ou quem não presta, quem é sábio e quem não é. Tudo isto travestido de ‘reserva’ e ‘dicernimento’ que apenas encobre a sua própria sobranceria (“sou apenas uma pessoa reservada, que fico no meu canto e que procuro ficar distante disto, daquilo, daquela ou daquele com a finalidade disto e daquilo”).

Para alguns - pelo menos para mim - nada disso é surpresa, até mesmo porque, a idéia de Jesus que diz “todo o homem é mau”, sempre desnuda e revela qualquer ser que tenta achar-se perfeito.Quem faz de um ‘mestre’, um homem perfeito, comete um grave engano, pois há mestre que reside falta de humilde, de flexibilidade e de acessibilidade. Há mestre que chama para si a supremacia cognitiva e espiritual.

Bem-aventurado aquele que pouco sabe, porém muito é, pois o ‘puro saber’ não vem do conhecimento, o ‘puro saber’ vem como resultado daquilo que cuidamos de ser em acordo com o conhecimento que adquirimos. Bem-aventurado aquele que pouco articula, porém muito reverbera. Bem-aventurado aquele que pouco ensina, porém muito partilha.

Quem sabe algo, só se torna sábio se toda a sabedoria for um processo de relacionamento entre pessoas, que por maior que sejam as diferenças conciliáveis, sempre se afinam num só ideal ou fé a ponto de andar juntos mesmo que em caminho diferentes. Muitos de nós temos a mesma inspiração, grau de conhecimento e vocação, porém as incutimos dentro de nossas entranhas a fim de que isso produza uma identidade que me faça sentir o Único ou pelo mesmo, o Primogênito de tal envergadura, de tal dicernimento.

Todos nós sabemos que no evangelho, ninguém é maior do que o outro e isso deveria nos trazer a conscientização de unidade com todos que seja possível. Quem arroga para si os preceitos da verdade, que faça antes sob os calcados das ‘sandálias da humildade’, pois falar da Verdade sem humildade, sem reconhecimento de que outros também nos inspiram e ensinam, sem dar as mãos com quem quer que seja, provavelmente, só se constatará os arrogantes erros quando vierem os solavancos da vida, as quedas, os reveses, e então, talvez aja chance de uma convivência, ainda que sem nó organizacional, ideológico, político e etc., com todas boas almas e corações, sem exceção, na certeza de homogeneidade da mesma língua, do mesmo espírito.

Adendo: prepare o chá de boldo, pois isso não é ‘rei na barriga’ não...

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