Nós, humanos, somos seres, até um certo ponto, livres para escolher o que vamos vestir, decidir o que vamos comer, adquirir bens, desenvolver projetos pessoais, galgar sonhos e estabelecer práxis a fim de colher bons frutos que garantam uma vida melhor pra si e para os que estão ao seu redor. Mas para a infelicidade de alguns, a vida é um dilema complexo, “sem saída” ou melancólica. Muitos são atormentados, diariamente, por circunstâncias exteriores e interiores que os encurralam, tirando toda a beleza que se pode ter numa vida agradável. Muitos são afligidos por não conseguirem se “adequar” a cultura vigente. Viver anacronicamente dentro de uma sociedade tirânica provoca uma chaga na alma que tortura muitas pessoas. Com medo de não serem felizes, as pessoas emagrecem a qualquer custo, fazem plásticas freneticamente, gastam o que não se tem e subjugam-se a tudo que promete uma vida boa dentro dos parâmetros ditatoriais da sociedade.
Em muitos casos, os sentimentos são os campeões em bloquear qualquer chance de felicidade. Na área sentimental, forma-se verdadeiras ogivas nucleares que arrasam a muitos, levando-os a depressão, solidão, medo, instabilidades comprometedoras, atitudes impensadas e até, suicídio. Não precisamos andar muito para encontrarmos pessoas totalmente volúveis nos campos minados dos sentimentos, que afogam o próprio travesseiro numa enxurrada de lágrimas e que auto suscitam uma persona totalmente defensiva e mascarada para poderem esconder, nos recônditos da alma, suas e úlceras entranhadas e sombrias.
Oh dor que tange minha alma!
Que contorce minha espinha;
E extrai o sumo pranteador;
Como hei de sobreviver?
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Tu me cercas com ares nocivos;
Que putrefam minhas perspectivas;
Subjugam minhas quimeras;
E escurecem minhas funções sensoriais.
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Oh Tristeza assoladora;
Tu és intensa e não pode ser evitada;
A alegria é passageira;
A alegria não te evita;
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Em mim, a tristeza, o cansaço, a maldade, habita.
Em mim, a tristeza, o cansaço, a maldade, habita.
A alegria simplesmente me diz:
Vale a pena acordar,
Acordar para sobreviver!
Acordar para sobreviver!
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A tristeza evita a alegria!
A alegria passa, já a tristeza nos acompanha até a morte.
A alegria passa, já a tristeza nos acompanha até a morte.
O que pesa mais?
A maior perda de nossa vida ou a melhor conquista?
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Com a conquista você se acostuma,
Já a perda, você tem de esquecê-la;
Já a perda, você tem de esquecê-la;
Esquecê-la?
O que é esquecer?
Mesmo vivendo ligados através de uma espécie de relação via “cordão umbilical”, vivemos com essa disparidade. Mesmo debaixo do “único guarda-chuva”, sofremos essa brutal paradoxalidade: uns vivem as regalias que os convêm e outros travam guerras com seus ”demônios” encarcerados nos calabouços da alma. Enquanto uns deleitam numa atmosfera de amor e aconchego, outros se encolhem em solos úmidos, fétidos rodeados de fezes, respirando o impregnante odor dos dejetos humanos que acumulam e que são deixados ao ar livre às escorias da sociedade. Amontoamos todas as nossas lavas desprezíveis, as sobras de nossas gulodices, os mulambos encardidos e repugnantes, os suores mal cheirosos e as secreções salivares e despejamos nos transeuntes anônimos, nos considerados fracos, frouxos e insignificantes e nos que servem de degraus para que outros ascendam até as alturas de suas construções arrogantes e cumulativas.
Muitos já sepultaram suas almas antes mesmo de morrerem fisicamente. Suas almas espantam o humor, engessam o semblante, empurram aos vícios e as condenam a depravação e a escravidão de seus desejos macabros. Essa é a realidade de muitos e até mesmo (por que não?), a nossa. Sabendo disso, como reagir? Por que manter uma rotina que estampa uma vida 100% saudável e subentender que os problemas dos outros são pequenos ou são impossíveis de serem ajudados e resolvidos? Está em nossas mãos ajudar sem querer nada em troca e isso soa algo quase impossível, pois o desgaste é ENORME. Se você acha que não conhece ninguém em estados medianos ou caóticos, saiba que você mal conhece seus amigos e familiares! Os males humanos não são remediados com chavões generalizados, tapinha nas costas ou um remédio de efeito súbito. Na verdade, todos esses elementos podem ser imprescindíveis, mas só terá efeito se houver um parceiro na dor, na insistência, na tolerância, na oração e com amor.
O reino de Deus é um reino de amigos! O que é um amigo senão aquele que é indispensável na hora incerta? Deus deu o melhor exemplo de amizade. Deu sua vida pra que, nós, os amigos limitados, fôssemos agraciados a ser participantes da Eternidade com Ele. Não existe amizade sem que haja um relacionamento de doação, de intimidade e de persistência. As pessoas escondem suas dificuldades por não encontrar um amigo de verdade que as ajude, então suas feridas vão crescendo com o tempo, até o dia em que elas não suportarão mais.
Deixemos nossas pompas e mergulhemos no mar agitado do nosso irmão. Divida seu espaço no trono com aquele que mal se sustenta em pé. Abrace aquele que é “inabraçavel”. Divida seu prato com o faminto. Contenha sua língua para que se perdure a confiança. Amamente as crianças desfiguradas e consideradas subumanas. Ofereça o ombro aos que só sabem chorar. Dê, pague, quite, ajude nas parcelas ou empreste ao seu próximo. Mande um torpedo, e-mail, cartão postal ou carta simples. Visite ou convide-o a sair com você. Limpe as feridas mal cheirosas, purulentas e fedidas do corpo ou da alma. Ofereça um banho e roupas novas. Carregue, sofra, defenda e ore.
Enquanto afirmo todas essa coisas, é certo que vêem em nossa mente, um morador de rua ou bêbado qualquer. Mas se transferirmos muitas dessas coisas pra alma do homem verás que qualquer amiga ou amigo nosso, pode estar carecendo de nossa ajuda. Não pense que você só encontrará pessoas totalmente arruinadas debaixo da ponte. Talvez você as encontrará dentro de um carro importado, sentado no seu lado na faculdade ou na empresa ou na igreja ou em sua própria casa. Deixemos de achar que tudo vai bem e que “é cada por si e Deus por todos”.
A dor do meu irmão é minha dor. É nossa dor. Ninguém deveria ser feliz sozinho. Felicidade não deveria ser algo no singular, e sim no plural. Algo que emerge devido àquilo que acontece ao meu redor, na vida do meu próximo e que o faz sorrir ou receber amenização da dor. Ninguém está bem dentro de uma ambiência em que ninguém cuida de ninguém, pois a felicidade é algo que acontece no coletivo e se acontece na individualidade, acontece momentaneamente, pois ela só se conservará quando houver troca de ajuda, alegrias e tristezas.
A felicidade individual engorda a alma, inabilita as mãos, tira a beleza em ser humano e magoa as pessoas. Ninguém é inapto a ponto de não conseguir ajudar alguém, mesmo que esse alguém passe por problema intenso e que foge do conhecimento de ambas as partes, a solução. Então apenas divida o peso. Ceda seu ouvido, doe seu coração, pense em caminhos amenizadores e confortáveis, alimente esperança, se o problema não tiver jeito, prometa que vai peregrinar sempre junto (cumpra!), ore dia e noite, não seja pragmático, não seja pessimista, tome as dores e vista a camisa! Lembre-se: Ninguém vive bem só. Todos precisam de ajuda, logo, todos precisam ajudar! Bem-aventurado é aquele que enxerga o problema por trás do sorriso e que se abre de um modo irrecusável, natural, íntimo e prestativo, para ajudar alguém.
Beijões!
Mesmo vivendo ligados através de uma espécie de relação via “cordão umbilical”, vivemos com essa disparidade. Mesmo debaixo do “único guarda-chuva”, sofremos essa brutal paradoxalidade: uns vivem as regalias que os convêm e outros travam guerras com seus ”demônios” encarcerados nos calabouços da alma. Enquanto uns deleitam numa atmosfera de amor e aconchego, outros se encolhem em solos úmidos, fétidos rodeados de fezes, respirando o impregnante odor dos dejetos humanos que acumulam e que são deixados ao ar livre às escorias da sociedade. Amontoamos todas as nossas lavas desprezíveis, as sobras de nossas gulodices, os mulambos encardidos e repugnantes, os suores mal cheirosos e as secreções salivares e despejamos nos transeuntes anônimos, nos considerados fracos, frouxos e insignificantes e nos que servem de degraus para que outros ascendam até as alturas de suas construções arrogantes e cumulativas.
Muitos já sepultaram suas almas antes mesmo de morrerem fisicamente. Suas almas espantam o humor, engessam o semblante, empurram aos vícios e as condenam a depravação e a escravidão de seus desejos macabros. Essa é a realidade de muitos e até mesmo (por que não?), a nossa. Sabendo disso, como reagir? Por que manter uma rotina que estampa uma vida 100% saudável e subentender que os problemas dos outros são pequenos ou são impossíveis de serem ajudados e resolvidos? Está em nossas mãos ajudar sem querer nada em troca e isso soa algo quase impossível, pois o desgaste é ENORME. Se você acha que não conhece ninguém em estados medianos ou caóticos, saiba que você mal conhece seus amigos e familiares! Os males humanos não são remediados com chavões generalizados, tapinha nas costas ou um remédio de efeito súbito. Na verdade, todos esses elementos podem ser imprescindíveis, mas só terá efeito se houver um parceiro na dor, na insistência, na tolerância, na oração e com amor.
O reino de Deus é um reino de amigos! O que é um amigo senão aquele que é indispensável na hora incerta? Deus deu o melhor exemplo de amizade. Deu sua vida pra que, nós, os amigos limitados, fôssemos agraciados a ser participantes da Eternidade com Ele. Não existe amizade sem que haja um relacionamento de doação, de intimidade e de persistência. As pessoas escondem suas dificuldades por não encontrar um amigo de verdade que as ajude, então suas feridas vão crescendo com o tempo, até o dia em que elas não suportarão mais.
Deixemos nossas pompas e mergulhemos no mar agitado do nosso irmão. Divida seu espaço no trono com aquele que mal se sustenta em pé. Abrace aquele que é “inabraçavel”. Divida seu prato com o faminto. Contenha sua língua para que se perdure a confiança. Amamente as crianças desfiguradas e consideradas subumanas. Ofereça o ombro aos que só sabem chorar. Dê, pague, quite, ajude nas parcelas ou empreste ao seu próximo. Mande um torpedo, e-mail, cartão postal ou carta simples. Visite ou convide-o a sair com você. Limpe as feridas mal cheirosas, purulentas e fedidas do corpo ou da alma. Ofereça um banho e roupas novas. Carregue, sofra, defenda e ore.
Enquanto afirmo todas essa coisas, é certo que vêem em nossa mente, um morador de rua ou bêbado qualquer. Mas se transferirmos muitas dessas coisas pra alma do homem verás que qualquer amiga ou amigo nosso, pode estar carecendo de nossa ajuda. Não pense que você só encontrará pessoas totalmente arruinadas debaixo da ponte. Talvez você as encontrará dentro de um carro importado, sentado no seu lado na faculdade ou na empresa ou na igreja ou em sua própria casa. Deixemos de achar que tudo vai bem e que “é cada por si e Deus por todos”.
A dor do meu irmão é minha dor. É nossa dor. Ninguém deveria ser feliz sozinho. Felicidade não deveria ser algo no singular, e sim no plural. Algo que emerge devido àquilo que acontece ao meu redor, na vida do meu próximo e que o faz sorrir ou receber amenização da dor. Ninguém está bem dentro de uma ambiência em que ninguém cuida de ninguém, pois a felicidade é algo que acontece no coletivo e se acontece na individualidade, acontece momentaneamente, pois ela só se conservará quando houver troca de ajuda, alegrias e tristezas.
A felicidade individual engorda a alma, inabilita as mãos, tira a beleza em ser humano e magoa as pessoas. Ninguém é inapto a ponto de não conseguir ajudar alguém, mesmo que esse alguém passe por problema intenso e que foge do conhecimento de ambas as partes, a solução. Então apenas divida o peso. Ceda seu ouvido, doe seu coração, pense em caminhos amenizadores e confortáveis, alimente esperança, se o problema não tiver jeito, prometa que vai peregrinar sempre junto (cumpra!), ore dia e noite, não seja pragmático, não seja pessimista, tome as dores e vista a camisa! Lembre-se: Ninguém vive bem só. Todos precisam de ajuda, logo, todos precisam ajudar! Bem-aventurado é aquele que enxerga o problema por trás do sorriso e que se abre de um modo irrecusável, natural, íntimo e prestativo, para ajudar alguém.
Beijões!
3 comentários:
É Moises,
Que o Senhor nos salve de todo pragmatismo que nestes dias anda até mesmo com vestes religiosas, e cheio de aparente piedade.
Essa é nossa dor!
Que o Senhor continue te abençoando,
Um beijo no seu coração,
Chico Ribeiro
A dor do meu irmão é minha dor. É nossa dor.
subscrevo, mas que assim seja de facto.
Há tempo de falar e tempo de ficar calado...
Hora da dor é ocasião para ficar calado.
Postei algo sobre isso no meu blog com o título "Pastoral às avessas".
Abs.
P.S.: É bom voltar aqui!
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