Imperatriz Helena, a mãe do Cristianismo


Não há Cristianismo sem Império Romano.
Quem conhece a história do Cristianismo e mantendo a honestidade com a mesma, sabe que a história da fé cristã é dividida em duas partes. Uma parte é aquela que compreende Jesus, o seu ensinamento, a sua subversão latente e os primeiros passos dos seus discípulos e comunidades da fé. A segunda parte, compreende a fé cristã em um estado posterior, com pernas próprias, inseridos num “disco rígido” que produz novos interesses e novos discursos, que se mantém com acordos, ajustes, dogmas, concílios e finalmente, poder estatal.

A primeira parte, compreendia um discurso só: a noticia revolucionária de que através do Messias, Deus havia se reconciliado com o Homem, não levando em conta, qualquer tipo, dimensão ou entendimento que se tinha de “pecado”.
É como se os temas que eram pautas das religiões arcaicas e as implicações de “pecado”, “inferno”, “sacrifícios”, “ofertas”, e etc, caducassem pela incursão “cataclismática” do Messias na história da criação.
Em outras palavras, era o fim de toda religião. O Messias, entre nós, foi uma espécie de esponja transcendental. Nele, todas as religiões, conceitos, práticas, costumes, tradições, ritos entraram numa espécie de “buraco negro” de caducidade, perda de valor, de razão e de profissão.
Já não havia necessidade de crenças e tradições e mais, não havia nem a necessidade de crença histórica dele mesmo, o Messias.
Ele anunciou que seria o ponto de convergência do que tinha de ser feito e nada do contrário poderia ser feito, nem a minha aceitação a tudo isso ou meu cetismo a tudo isso.
Ele veio cumprir uma missão e cumpriu e, por conseguinte, não ficou devendo nada a nós, muito menos o obrigando a fundar uma religião, ainda que fundada nele mesmo.

A segunda parte entrou em ação.
Nos primeiros séculos, os ecos do Messias entraram num processo de desencadeamento e que culminou naquilo que eles tinham aniquilados: a religião. O Messias virou uma religião e, a saber, religião é um divisor de tronos, onde ela ocupa a sua parte como uma parte do ser divino, representado na Terra e que se porta como indispensável.
É como se o Cristianismo fosse um braço do Messias, algo que irrompesse para dar continuidade ao seu ato messiânico e por conta disso, a religião recuperou os aspectos arcaicos como “pecado”, “inferno”, “sacrifícios”, “ofertas”, e etc, a fim de que ela trabalhasse novamente os temas e mais, mediasse o céu em detrimento dos seus dogmas.
Para Jesus, o assunto havia se encerrado. Nenhuma religião tinha valor, nem aquela que surgisse em seu nome.
Todos, independentes de professar uma fé ou não, são beneficiados pelo Messias, mesmo que essa notícia de “reconciliação” não fosse muito longe ou acreditada.
A notícia foi longe, porém, virou religião, virou Cristianismo. Deixou de ser uma notícia para virar uma moeda e uma doutrina.
Quando a notícia virou religião, ela virou a principal engrenagem, gerando um sistema de poder, concentração e colonização intelectual.

Dona Helena foi a principal responsável por convencer seu filho, o imperador romano Constantino (que morreu flertando com o chamado “Paganismo” e o Cristianismo), a adotar a fé cristã como uma religião estatal. Aquilo que era para ser apenas reconhecido por quem quisesse, a saber, o elo intrínseco e invisível entre Deus e o Homem, virou um sistema de fabricar, em séries, fiéis e dogmatizar o ato messiânico.
A partir daí, o ato messiânico já não beneficiara todo o ser vivo, mas virara um Deus apostólico romano particular que gosta dos que vão a missa ou cultos, que acreditam na bíblia, que praticam a eucaristia e que fazem confissões nos moldes religiosos para conseguir ser salvo do inferno.

O ato messiânico foi deturpado para virar algo que o próprio Messias não cogitou, muito pelo contrário, o ato messiânico virou aquilo que nele cessou: religião. Jesus foi o maior ateu da história, pois ele não apenas duvidou ou questionou a religião, como a aniquilou, expirou e a inutilizou. Porém, a disposição em lucrar com aquilo que caiu em caducidade, foi implantada séculos depois de sua morte e hoje ela disputa o título de maior religião ao lado do Islamismo e Judaísmo.
Hoje, as três religiões abraâmicas disputam o título de maior antítese do ato messiânico. Vale ressaltar que assim como o Messias não precisou de religião (apesar de ele ter vivido entranhando na religião vigente de sua época) para cumprir o que tinha de ser cumprido, não há nada que uma religião possa fazer contra.
Ainda que haja segmentos religiosos generosos e complacentes, ela apenas cumpre o papel da “parte boa” de uma instituição que não deveria existir, todavia, já que existe, e defendo o direito de sua existência, ela deve se esforçar para, ao menos, não ser um desserviço a sociedade.

O que de fato aconteceu através de Jesus, deveria gerar apenas pessoas que se afinam com o seu ato, pois, além de inspirador, rege todas as coisas, independente de todas as coisas serem livres para constituírem seus modos de encarar a vida.
Um dos maiores vislumbres do que aconteceu em Jesus é o direito de sermos livres para nos livrar de qualquer religião, mesmo aquela fundada através do fenômeno messiânico, o que não a torna melhor que outra religião.
O Evangelho (a notícia) que o Messias trouxe a tona é que todo aquele que seguir os seus passos, já é morada do próprio Messias.
Isso não é uma questão de crença, pois até um ateu pode ser um seguidor, afinal, seguir é agir como ele agiu e não se tornar um religioso.
O Evangelho, que não era para virar uma ideologia cristã milenar, é um vetor da espiritualidade intrínseca no Homem, não é assunto de religião, mas para nossa mente cauterizada por ela, não nos deixa entender muito bem.

2 comentários:

Ane disse...

Olá querido!
Que confortante encontrar companheiros de caminhada! Gostaria muito de publicar seu texto "Imperatriz Helena, ..." em meu blog. Você autoriza???

Grata,

Eliane

Moisés Lourenço Gomes disse...

Oi, Eliane

Fique a vontade.