E se não existir nada do outro lado?



A resposta é óbvia: quem acreditou até o fim – na morte –, não terá chance de voltar atrás, pois se não há nada, tempo é que não existirá para arrependimentos; quem nunca acreditou ou foi desacreditando com o tempo, também não terá a oportunidade de se vangloriar. Fato é que a questão de crer ou não crer, tem implicação total enquanto se vive e só. Ninguém levará a discussão para a pós-morte. Crer ou não crer, sempre foi uma questão de queda-de-braço intelectual e que por vezes, fazem seus debatedores trocarem de posição ou apenas ganharem ou perderem asseclas.

Você pode ser taxado de inteligente ou de ignorante conforme você vai desenhando a sua crença ou descrença e a grande batalha reside nisso: todos querem fazer parte dos inteligentes. Enquanto se medem inteligência pelo time que se opta, a ignorância se estabelece como um firmamento que ilude a todos, pois só um ignorante vulgariza a questão “inteligência x ignorância”. A inteligência não é uma qualidade de um tipo de gente. Inteligência é uma qualidade que se flagra em qualquer tipo de gente. Então, se você entendeu isso, sem mais explicações, encerro o assunto sobre inteligência. Outro viés é a questão de viver melhor [ou pior] com base naquilo que se crê ou descrê.

Alguns defendem que os que se livraram do mito “Deus” vivem melhor, pois crer numa utopia é sinal de covardia e fraqueza para lidar com a realidade nua e crua; outros defendem que os que crêem em Deus, têm respaldo para encontrar o “sentido da vida” e uma vez, portador desta verdade, a vida fica melhor, mesmo apesar dos pesares diário.Novamente encontramos os grupos tirando um braço-de-ferro para definir o correto.

Se a religião ou o ateísmo assegurasse uma verdade que não relativizasse tanto a cerca do assunto, a briga já teria terminada e ela perdura por toda a saga humana, antes mesmo da origem da Escrita. Esse debate acompanha a evolução do pensamento desde quando o pensamento era, de fato, um Tico e Teco mental. A “vida melhor” nunca foi algo restrito a um tipo de gente. “Vida melhor” sempre foi uma busca galgada a qualquer tipo de gente.

Voltando ao início do texto, essas discussões apenas afiam o pensamento humano e esgotam [temporariamente] argumentos, mas não separam o inteligente/mais feliz do ignorante/infeliz segundo a sua opção de crer ou descrer, salvo, o grau de importância e reação daquilo que se defende e que pode comprometer o bem estar de qualquer um. Se nada existir, não haverá tempo para afirmar: “você tinha razão, não existe nada” ou “eu não falei que não existia nada!”.

Se Deus existir, quem irá afirmar algo, será o próprio Deus: “meu filho, quando você supostamente negou a minha existência, soou com a mesma relevância quando uma formiga tentou fugir do seu dedo assassino: vão” ou “meu filho, você perdeu a razão quando resolveu me defender”.

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