Vive quem tem amigo

Tenho uma certeza nesta vida: Só, ninguém é feliz. Minha alma sorri por ter amigos. Sorri de modo extravagante e ao mesmo tempo de modo discreto. Não sei como isto acontece, só sei que é assim que sucede. Com eles, sinto-me vivo e amado, esqueço a pequenez do homem-individual que tem o tamanho nanico e intensidade efêmera, ajo e reajo de forma humana por entender que tudo tem um efeito coletivo e aprendo que “nada sou” e que juntos “podemos ser” um alguém apenas para nós mesmos e um ser amado e querido por Deus.

Amizade em comum influi no caráter dos “amizadeados” e os fazem viver um no outro mesmo na ausência física. O “um no outro” é a influência e o legado afetivo que um deixa ao outro. Daí pra frente a comunicação transcende as palavras. Há-se parceria na dor, na alegria, no segredo, na dúvida, na dívida, na tolerância, nas grandes mudanças e nas grandes decisões. Somos seres de alma vivente e é a alma que amarra o ser humano para uma unidade, e também, é ela que caracteriza a nossa paridade e nos identifica nessa ambiência de relacionalidade. A amizade é pré-histórica. Os homens-de-neandertal já lascavam pedras, juntos!

Qualquer relação, seja ela entre pais e filhos, entre pessoas de religiões antagônicas (muito difícil neste caso, porém não é impossível!), entre raças e estilos diferentes e entre espécies do tipo “Cão e Homem”, são firmadas para sempre quando, verdadeiramente, se tornam amigas.
Deus pode cuidar de nós através dos amigos e através dos amigos também podemos enxergar Deus. Aliás, quem pode enxergá-lo e até amá-lo se não relacionar-se com o ser humano?

A relação entre o ser humano para “viver na presença de Deus”, não tem de ser uma atitude interesseira por parte do Homem (quem assim o faz, não escapa dos olhos do Senhor que tudo vê), pois ninguém chega até Ele por causa do “relacionar-se com o ser humano”, na verdade, Deus se chega aos que com naturalidade, se inclinam ao próximo, proporcionando a nós mesmos, a capacidade de amá-lo verdadeiramente. Em outras palavras, quem não ama o próximo não “consegue” amar a Deus e quem ama o próximo para amar a Deus, também não “consegue” amar. Neste último caso, não se ama nem a Deus e nem o próximo.

O “amar a Deus” nasce no “amar o próximo” dentro do útero da Graça. Quem ama o próximo no Caminho, recebe o dom de amar do próprio Caminho. O Caminho que passamos a andar é o próprio Amor e de onde virá amor senão do próprio Amor-Pessoa-Caminho? Logo, quem ama, não alcança, quem ama é alcançado.

Que possamos amar sem fazer acepção. Que possamos amar com profundidade. Que possamos ser gratos aos nossos amigos, pois é esta gratidão que é a memória do coração.
Amo meu amigo-pai, amiga-mãe, amigo-irmão, amiga-irmã, amigos-amigos e amigos-amigos-virtuais (esses também conseguem estabelecer uma intensidade amistosa e íntegra ainda que seja pelas vias virtuais!)"Me apoiarei em você e você se apoiará em mim, e nós estaremos bem." Dave Mathew's Band

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